terça-feira, 26 de maio de 2009

Aproveitar o tempo ...


Ah, deixem-me não aproveitar nada !
Nem tempo, nem ser, nem memórias de tempo ou
de ser !
Deixem-me ser uma folha de árvore, titilada por
brisas,
A poeira de uma estrada involuntária e sozinha,
O regato casual das chuvas que vão acabando,
O vinco deixado na estrada pelas rodas enquanto
não vêm outras,
O pião do garoto, que vai parar,
E oscila, no mesmo movimento que o da alma,
E cai, como caem os deuses, no chão do Destino.

Fernando Pessoa


Um comentário:

Unknown disse...

Palavras simples que expressam um turbilhão na alma. Lindo!
Bjs